Post-Review: VVVVVV

O que você está fazendo no teto? / Não seria você?

Tem certas coisas que as gerações mais recentes de jogadores simplesmente não reconhecerão. Aquele maldito barulho de modem conectando, as telas de apresentação que precediam o resto do carregamento de jogos gravados em fita cassete – e que dependendo da regulagem do infame azimute do gravador, podia desperdiçar minutos de sua vida ao não funcionar após minutos de transferência – e por aí vai. Chega a ser um pouco engraçado ver parte do público atual sendo nostálgico de forma retroativa.

Alguns jogos capitalizam direto em cima das estéticas dos consoles 8-bit (Mega Man 9), 16-bit (Jamestown: Legend of the Lost Colony), e até mesmo de alguns computadores das antigas, como o MSX (La-Mulana, cujo remake pro WiiWare sai do Japão em breve). Mas tem um sistema que passou muito tempo sem um tributo digno de nota foi o Commodore 64… que, ironicamente, eu não tive. Oh não, será que eu também entrei nessa pilha retroativa? 🙂 Enfim, a espera acabou em 2010 com o infame VVVVVV – que finalmente zerei e achei incrível.

“Mas por que você demorou tanto pra zerar? Já saiu faz tanto tempo!”

Pois é: eu tenho no PC, mas admito que ter saído no eShop do 3DS fez a diferença. Ter o jogo em qualquer lugar (se tanto, abdicando das fases criadas por usuários – não incluindo os convidados como Notch e Souleye – e do editor de fases) foi um grande atrativo para voltar ao desafio, cheguei a ver elementos de fase que eu nem sabia que estavam lá. E este desafio, amiguinhos e amiguinhas, se chama “Doing Things the Hard Way”. Um daqueles momentos em que você questiona a existência da progenitora do designer de fases.

Beleza, o lance de trocar o pulo – medalhão dos jogos de plataforma – por trocar a gravidade vai do fácil ao desafiador, com tantos inimigos na tela e espinhos espalhados por várias telas, só que esta frase acima – uma das pequenas heranças dos jogos de computador da era C64, que vez por outra faziam a mesma coisa – marca apenas o começo da dor e ranger de dentes que é passar por esta parte para conseguir um dos 20 shiny trinkets necessários para abrir o laboratório secreto ao fim do jogo.

Além de um desafio extra (o Super Graviton, que deixa seu personagem quicando entre dois raios inversores de gravidade indefinidamente até que o pobre capitão Viridian seja atingido por algo), outra novidade desta área bônus é sua sala de troféus que comprova a crueldade do senhor Terry Cavanagh: ver desafios como “Vença o jogo morrendo menos de 10 vezes no total” é tenso… e ter uma sala à parte para os verdadeiros deuses entre homens que conseguirem zerar VVVVVV sem perder uma vida sequer é igualmente opressor. 🙂

Discutindo o elefante na sala

"Me sinto tão irrelefante, snifs"

É, esta tem que ser uma das piadas mais meta que eu já vi em qualquer jogo. Mas não fique triste se não entender… apenas fique fitando o paquiderme psicodélico ao encontrá-lo. Acho que minha mente acabou de implodir e não vou conseg–

[Este post foi interrompido por uma anomalia dimensional. 20 shiny trinkets serão necessários para compreender esta mensagem.]