Shinji Mikami é um daqueles game designers japoneses que alterna sucessos tremendos com títulos que simplesmente não agradam a todos. Veterano da Capcom, ele trabalhou em uma variedade de cargos (incluindo diretor e produtor executivo) em jogos de recepção bastante díspara. De grande sucesso, a série Resident Evil dispensa apresentações, não é? Então… Resident Evil 4 foi, inclusive, pivô de uma daquelas declarações que os jogadores lembrarão para sempre: originalmente concebido como um exclusivo ao GameCube, Mikami disse que “cometeria harakiri” se o jogo saísse para outras plataformas… o que acabou acontecendo à revelia dele, tendo versões para PlayStation 2 – com material extra, tapa na cara dos fãs mais ferrenhos – e Wii – que no fim das contas teve a versão “definitiva”… isto é, com todo o material das anteriores e a interface legal do Remote. Enfim, andanças da indústria.
(pensando bem… que diabos, até mesmo celulares e o Zeebo — por mais que muitos jogos de telefones sejam convertidos para este! — receberam RE4… obviamente simplficado, mas ainda assim a ironia do destino continua.)
Mikami também assinou jogos de apelo limitado, divisores de opiniões. Killer7, cuja roteiro ele divide com Goichi Suda, tinha uma jogabilidade pouco ortodoxa e que teria feito mais sentido no Wii do que em um gamepad tradicional; God Hand, da finada Clover, divertia com sua pancadaria cômica e elenco inusitado… mas ainda assim chegou à amplitude de notas 3.0 e 8.0 por sites especializados; nem mesmo P.N. 03, um dos dois jogos dos cinco exclusivos planejados para o GameCube (os infames “Capcom Five”), passou seu recado direito – embora eu não consiga evitar a impressão da crítica de alguns jogadores se dar mais porque a personagem principal se comporta como uma nave, e não a mulher que era, em termos de jogabilidade…
Mas desde a época do fechamento da Clover, muita coisa mudou – e não só no reino da Capcom. Muitos game designers japoneses partiram para novas empreitadas – como os estúdios Mistwalker, Platinum, Valhalla, Audio Inc., e por aí vai), e Mikami também. Pelo menos dois projetos dele foram anunciados: um é Vanquish, jogo de ação da Platinum, para os consoles HD; o outro é uma nova parceria com Suda, um game de terror multiplataforma ainda não anunciado com distribuição pela Electronic Arts…
Enfim, depois da misteriosa contagem regressiva no site oficial – que coisa, terminando exatamente na virada do ano fiscal japonês – é finalmente revelado o novo projeto: Harakiri. Quanto a mais informações… dor e ranger de dentes, galera: o site está caindo o tempo todo – certamente marretado pelos visitantes curiosos – e tudo o que se vê é a cor vermelha (adequado…) e uma música em loop. Assim que pipocar alguma novidade do game atualizo este post… tenho a impressão que se trata do tal projeto da EA Partners, mas vai saber?
Atualização, 12h54: No fim das contas, se trata de um site de recrutamento para o primeiro projeto da Tango, a nova produtora de Mikami… e segundo a página, o projeto termina em 99 dias (mas como?). Ah, sim: a página também tem um webgame de harakiri com as participações especiais de Goichi Suda e Hideo Kojima (Metal Gear), com piadinhas que servem de boas-vindas à nova empreitada.
Enfim, a Tango está à procura de programador, designer de 2D, designer de 3D, produtor e gerente de projeto. Você se garante e quer trabalhar com o cara? Passa lá na página e manda um e-mail. Enquanto mais novidades do projeto não pintam – deve ser isso o tal número de 99 dias – veja aí as imagens do joguinho de arremessar cabeça… 😛
Passando o controle: Qual o seu jogo favorito com a mão de Mikami? E do que você acha que se trata o novo game?