Posts tagged Polêmica

The Binding of Isaac não sairá mais para o 3DS; a culpa é de quem?

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Chorei contigo, Isaac. Chorei contigo.

The Binding of Isaac foi uma das maiores surpresas que tive no ano passado. Criado por Edmund McMillen (designer e um dos autores de Super Meat Boy, outro queridinho indie) e Florian Himsl, o jogo no estilo rogue era inspirado pela passagem homônima do Velho Testamento – mas desta vez, você controla o filho que foge do parente que tenta sacrificá-lo ao ouvir vozes divinas. Se você não jogou, aproveita que tá baratinho no Steam – e se estiver indeciso, leia minha análise.

Fiquei muito feliz quando soube da possibilidade de seu lançamento sair para o 3DS via eShop, pois é o tipo de jogo que eu certamente jogaria mais se o tivesse no bolso — sem contar que suas partidas de duração reduzida combinariam lindamente com isso. Qual não foi minha surpresa (na verdade, uma decepção) ao ver que o pobre Isaac foi vetado pela Nintendo por “ter conteúdo religioso questionável“. McMillen se saiu muito bem ao agradecendo a Deus pela existência do Steam. 😛

“Ah, tinha que ser a Nintendo mesmo”, dizem alguns. E é aí que levanto a hipótese… e se o jogo passasse pelo crivo da ESRB, órgão responsável pela classificação etária de software nos Estados Unidos – coisa que não foi necessária para sua publicação no Steam, atualmente a única forma de comprá-lo? Talvez a coisa mudasse de figura. Vamos relembrar alguns momentos envolvendo o malfadado selinho Adults Only – e seu arqui-inimigo, o Mature.

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Poison: vídeo desmistifica a “armadilha” do gênero?

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Poison voltou!

E aí, achou gata?

Fãs de jogos de luta estão prestes a alcançar aquela marquinha no calendário, já que Street Fighter X Tekken chega às lojas em 8 de março para o Xbox 360 e PlayStation 3 (e mais pra frente, PC e Vita). É isso aí: personagens das séries da Capcom e Namco resolverão quais participantes serão os reis e rainhas da pancadaria… o que me leva ao elefante branco, curvilíneo e de madeixas rosas na sala: Poison. Rei? Rainha? Drag queen?

Pois é. Já não é de hoje que a discussão sobre o gênero da personagem que estreou como oponente na série Final Fight rende. Muito se falou sobre a substituição dela para a versão caseira ocidental no Super Nintendo, mas – sem trocadilhos, por favor – o buraco é bem mais embaixo.  Um vídeo publicado pelo usuário MegatonStammer vem mostrar por A+B que, sim, Poison não é 100% mulher – na acepção mais abrangente / aulinha de Biologia do termo, naturalmente.

Em inglês, o documentário tem cerca de 19 minutos, e você pode assistir por aqui ou no YouTube. Olho no lance:

É curioso pensar nisso: o que poderia ser desmerecido como outra discussão besta entre fãs de videogame sobre personagens terem ou não apelo sexual – lembro de ter lido um comentário sobre a Lara Croft ter sido criada mulher porque seria mais agradável aos olhos do jogador ver uma mulher na tela, já que veria alguém pelas costas na maioria da aventura – reflete bastante sobre a percepção das pessoas quanto à questão do gênero.

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A identidade gamer

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É, saber rir de si mesmo também faz parte da vida

Na busca eterna por reconhecimento, não é surpresa que as pessoas tendam a formar grupos por interesses e afinidades comuns. Pode ser música, cinema, culinária, literatura – e, obviamente, videogames. No entanto, uma troca de tweets com o meu amigo Rique Sampaio sobre Will the Real Gamer Please Stand Up? – um artigo publicado no site da ótima Kill Screen, leitura sempre recomendada – me fez pensar se havia algo de danoso ou ofensivo quanto às pessoas se definirem como “gamers”. Embora eu entenda a argumentação apresentada, não vejo problema algum…

Jason Johnson, o autor do artigo em questão, faz um bom apanhado sobre o uso do termo – indo da etimologia até os desdobramentos sociais da parada, como citar que a definição de gamer é segregacional e formadora de guetos. Tirando do caminho os parâmetros regionais do texto de Johnson (por motivos óbvios, seus exemplos da representação e reconhecimento dos fãs de videogame na mídia são americanos), acho que não há problema nenhum em se referir – ou definir outras pessoas – como “gamers”. Com ressalvas? Claro, mas no geral, não há ofensa envolvida. Vamos ver…

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Uncharted 3: drama da dublagem brasileira bate às portas da Naughty Dog

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Uncharted 3

Nathan, em um quase-facepalm, pergunta o que fizeram de sua voz

Fico muito feliz ao saber que as produtoras de games têm se esforçado para oferecer seus jogos em português do Brasil. Do ano passado pra este, tivemos títulos como StarCraft II: Wings of Liberty, Mortal Kombat, Killzone 2 e inFamous 2 totalmente adaptados ao nosso idioma. Sem contar outros anúncios para o futuro, como o de World of Warcraft e suas expansões e a Nintendo à procura de profissionais de localização (o sistema do 3DS já inclui o nosso português…). Isto é, nada de expressões dos nossos irmãos d’além-mar.

O mais recente anúncio de jogo a receber tal tratamento foi Uncharted 3: Drake’s Deception, da série de ação para o PlayStation 3. O trailer apresentado no blog oficial do PlayStation no Brasil dividiu opiniões: houve quem achasse a voz desanimada e inadequada aos personagens, quem reclamasse da mixagem do áudio, e até mesmo quem não ligasse muito. Eis que a Laura, do Pink Vader, publicou um vídeo que foi dispensado pela Naughty Dog, e a impressão geral foi de um trabalho mais convincente do que o tal “estúdio de Miami” que dubla filmes da TNT e outras paradas menos amigáveis.

Caso você ainda não tenha visto os vídeos, veja-os abaixo (e saiba como reclamar sobre isto):

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Nada de tribunais: criador de Minecraft desafia Bethesda no Quake III Arena

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Scrolls

Estes "Scrolls" não são tão antigos assim...

Guerrinhas de patentes costumam ser um saco, mesmo quando não são algo tão oportunista e imbecil como o caso do nome Edge ser registrado por Tim Langdell e ele sempre tentar cavar uma grana por fora em jogos com esta palavra no nome. Isto já virou motivo de piada na indústria, diga-se de passagem.

O mais recente evento deste tipo é, ao meu ver, meio besta. O estúdio sueco Mojang – conhecido pelo sucesso independente Minecraft – anunciou no começo deste ano o jogo Scrolls. Produzido em parceria com o Jerry Holkins (ou Tycho Brahe), da tirinha online Penny Arcade, o lance mistura elementos de cards colecionáveis e RPG.

No entanto, os representantes legais da Bethesda na região enviaram uma notificação judicial pedindo a mudança do nome, pois infringe uma marca deles. Pois é: a série The Elder Scrolls (afinal, é tão fácil confundir um peso-pesado dos RPGs gigantescos e distribuidoras enormes com um jogo indie de cartas…)

Markus “Notch” Persson, da Mojang, levantou uma proposta interessante para resolver a pinimba: em vez de ir pros tribunais, que tal uma partida de Quake III Arena? Três de cada lado em uma partida de 20 minutos. Quem conseguir a melhor pontuação, ganha. O pior (ou melhor) de tudo é que parece que a proposta é séria!

E aí, Bethesda? Vai encarar? Podem chamar seus irmãozinhos da id Software, já que é tudo da Zenimax

Quake III Arena

Processos, não! Lanca-foguetes, sim!

Viva o projeto Jogo Justo!

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Na tarde de hoje, começa a campanha para promover o projeto Jogo Justo. Criado por Moacyr Alves (leia minha entrevista com ele no Arcadia), o objetivo deste é reduzir as taxas para jogos eletrônicos. Indo pra frente, podemos ter jogos e consoles mais baratos nas lojas – além de abrir espaço para as empresas virem ao Brasil, aquecendo o mercado e a indústria.

Dê seu apoio visitando o site oficial e ajudando a emplacar a tag #jogojusto no Twitter. 🙂

Um grupo de jornalistas de games entra em um bar e…

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Wow! Amazing Cast #2

Logo depois de conferir o Level Up Live, eu e outros jornalistas de games e tecnologia fomos bater papo em um barzinho. Aí você junta essa galera, cervejinhas na mesa (alguns, que não direi quem são porque é sacanagem com a Flávia Gasi, beberam Coca-Cola) e um gravador e qual o resultado?

É o Wow! Amazing! Cast #2 no site do Gus Lanzetta, com mais de uma hora de comentários da galera. Ninguém saiu ferido. (acho)

Passando o controle: Você joga ou jogou os games da Level Up? Se sim, qual?

SUP: Campanha Imposto Justo Para Video Games

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Campanha Imposto Justo para Videogames

Uncle Gamepad Wants You!

Uma das razões pela qual o mercado nacional de games demora a engrenar como deveria no Brasil é a pesadíssima e equivocada carga tributária que é aplicada a consoles, portáteis, seus jogos e acessórios. É isto que faz com que estes produtos acabem chegando no país a mais que o dobro do preço no mercado… e o resultado é o que se vê por aí: consoles vendidos no mercado informal (sem garantia ou amparo das fabricantes), a proliferação de jogos piratas (sejam comercializados ou obtidos grauitamente, tirando vantagem de modificações nos consoles e tal), e por aí vai.

É óbvio que isto é danoso para todos. Não só os consumidores: comerciantes, distribuidoras, desenvolvedoras de jogos… e a própria economia do país. Basta ver o caso do México, cujo mercado expandiu bastante ao aliviar a carga tributária.

Já está bem claro que os brasileiros gostam de videogames, mas este obstáculo das taxas elevadas impede qualquer avanço mais significativo em todas as escalas. É por conta disto que foi anunciada a Campanha Imposto Justo Para Video Games, iniciativa online lançada nesta semana durante o evento Gameworld (aliás, veja aqui as impressões do Miyazawa-san). As assinaturas dos participantes serão enviadas ao congresso para que a aprovação do projeto de lei 300/07 – do então deputado catarinense Carlito Merss – saia do papel, também desonerando mais produtos de informática.

Faça sua parte: passe no site, leia o manifesto, assine-o (assim mandando seu recado ao relator, o deputado Antonio Palocci), e mostre que esta lei há dois anos no limbo pode beneficiar a todos caso seja… “caso seja”, não; quando for aprovada. E não deixe de divulgar!

Passando o controle: Que vantagens você, em particular, vê em ter jogos e consoles baratos no Brasil em caráter oficial?

Criador de Larry leva outra rasteira da indústria?

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Al Lowe

Além de um ídolo da minha infância, Al Lowe foi o primeiro profissional da criação de games que pude entrevistar em minha carreira. O veterano da Sierra On-Line bateu um papo incrível comigo em 2004, e todo aquele nervoso e insegurança que poderia ter batido em mim naquela hora acabou se revelando desnecessário… fosse pelo clima para lá de gentil e engraçado do bonachão criador de Leisure Suit Larry e Freddy Pharkas. Desde então vez por outra troco e-mails com ele, além de assinar sua listinha diária de piadas, a CyberJoke 3000.

Alguns anos passaram e, ao que tudo indicava, a aposentadoria de Lowe seria interrompida por um novo projeto chamado Sam Suede: Undercover Exposure, título de ação e comédia que seria desenvolvido pelo estúdio iBase Entertainment, fundado por Lowe e Ken Wegrzyn. Lembro de ter agendado uma participação no evento para a imprensa onde o jogo seria mostrado pela primeira vez, mas que perdi por conta das complicações no visto para os EUA (ah, a era Bush…).

Infelizmente, a iBase acabou encerrando suas atividades em 2007 pois o dinehiro acabou, não pintaram mais investidores e o título acabou indo para o limbo do vaporware.

Sam Suede: Undercover Exposure

Qual não foi minha felicidade ao receber um release de imprensa hoje de manhã afirmando que o jogo de Sam Suede ressurgiu das cinzas? Segundo o informe, a Apogee passa a distribuir o jogo – isso mesmo, o lar de Duke Nukem – que por sua vez passa para as mãos da Icarus Studios e usa seu motor gráfico, o xScape. Wegrzyn é citado como “criador e produtor executivo” do jogo, e não houve nenhuma menção a Lowe…

Será que Al teria levado outra proverbial “bolada nas costas”? Afinal de contas, o que a Vivendi fez com a marca Leisure Suit Larry após sua saída foi revoltante. Nada que mandar dois emails não esclarecesse – um para os assessores de imprensa do game, e outro para Lowe. Até agora, só recebi uma resposta: a de Lowe. Infelizmente, uma verdade triste veio à tona:

“Esta é a primeira vez que ouço falar disso. Que diabos? Acho que é hora de ligar para os advogados.”

É isso aí: Lowe não sabia do assunto, não parece nada feliz com o acontecido, e não me sinto muito bem em ser o portador de más notícias para o cara. Ao que tudo indica, das duas uma: ou temos um processo no ar, ou a justiça será feita e Lowe recuperará seu lugar de direito, ou ao menos o reconhecimento de sua participação no projeto. E sim, também gostaria muito de saber o que o outro lado da história tem a dizer disto.

Passando o controle: A história dos videogames é cheia de pequenas e grandes injustiças. Qual foi a mais memorável delas para você?

Salomé, você me deixou sem palavras

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Fatale: Exploring Salome

Um dos filmes que mais me intrigaram nos últimos anos foi “Adaptação”. O que era para ser uma adaptação (heh heh) para a telona do livro “O Ladrão de Orquídeas” acabou se tornando um longa-metragem mostrando a dificuldade do roteirista em adaptá-lo e o bloqueio de escritor, em um exemplo bem inesperado de metalinguagem… e por muito tempo, guardei uma sensação bem estranha e parecida por conta de Fatale, produção da Tale of Tales para o PC e o Mac.

O casal Auriea Harvey e Michaël Samyn – que eu tive a oportunidade de entrevistar na época do lançamento de The Path, um “jogo de arte” (aspas por conta dos críticos ao trabalho deles) bem sombrio que se inspirou nas versões mais antigas do conto Chapeuzinho Vermelho – criou esta pequena obra interativa inspirada em Salomé. Esta figura bíblica, conhecida por sua sensualidade, foi manipulada por sua mãe – a rainha Herodias – para que que pedisse a cabeça de São João Batista ao seu padrasto, o rei Herodes, em troca de uma dança em seu aniversário.

A produção da dupla Harvey-Samyn é dividida em duas partes: a primeira é ambientada em uma cisterna sob o pátio do castelo, onde João está preso enquanto Salomé – vista poucas vezes por uma grade no teto do calabouço – realiza sua dança. É possível ouvir a música, e a cada um dos sete véus que cai, uma passagem de texto é disposta em pleno ar. Após o fim da dança, João é morto.

Fatale: Na cisterna, esperando a morte chegar

Depois disto, a sequência jogável apresenta, em primeira pessoa, seu espírito flutuando pelo cenário, e o jogador vai explorando-o vagamente (ouvindo os pensamentos das pessoas que estavam lá presentes na hora) até sacar o que tem que ser feito com as velas do ambiente. Vá lá, tem vários elementos anacrônicos no lugar – para citar um exemplo, tem um amplificador de guitarra – e o que eles significam fica a critério de quem joga. Depois disto resolvido, o dia nasce e o jogo termina. (na próxima execução, é possível ver a dança de Salomé  pelos olhos do rei Herodes).

Salomé, uma verdadeira "femme fatale"

“Fatale” foi criado em conjunto com alguns parceiros de antes (incluindo músico, coreógrafa e tudo mais), e contou com Takayoshi Sato – modelador de personagem de Silent Hill 3 – para a modelagem e texturização da bela dançarina. O lançamento foi em 5 de outubro de 2009, comemorando o septuagésimo-oitavo aniverário da primeira apresentação de “Salomé” – no caso, a peça de Oscar Wilde inspirada na história em questão – nos palcos britânicos, após anos de proibição.

O negócio é que ficou difícil analisar “Fatale” como um jogo propriamente dito, porque em termos práticos, ele não o é. Sim, a interface remete aos videogames, você usa o mouse para explorar o cenário e interagir com as luzes que se apagam à medida que a noite após a dança de Salomé termina… mas este é o tipo de produção que deixa o aspecto “jogo” de lado. Talvez a impressão causada por “The Path” (este, sim, consegui analisar!) tenha dificultado o processo. Curiosamente, ontem mesmo o colunista Jim Sterling publicou um artigo no Destructoid, citando este como “um jogo indie que se comporta como um jogo indie”, “sacrificando a diversão em função da pretensão” ou algo bem próximo disso.

Tenho a impressão de que certas produções deveriam deixar mais claro aos espectadores que não se tratam de jogos propriamente ditos, apesar da mídia usada ser a mesma. Foi o que foi feito no caso de “Fatale”, mas não muito no de “The Path”. Sinceramente, não vejo isto como algo negativo… mesmo porque é aquilo, né: qualificar o que é arte, boa ou ruim, é algo subjetivo demais. Pessoas têm reações diferentes a cada obra – seja repulsa, amor ou seja lá o que for.

The Path

Traçando aqui um paralelo bem simples, pense nos livros. Alguns servem simplesmente para a leitura – você lê a história e acabou – e outros promovem interações (lembram da série “Enrola & Desenrola”, que oferecia bifurcações na história mandando o leitor virar para tal página dependendo de sua decisão?). No entanto, seria uma imbecilidade criticar um “A Cidadela do Caos” por não oferecer uma experiência igual a, sei lá, “1984” – ou mesmo “O Senhor dos Anéis”, para me manter no tema “fantasia medieval”.

De qualquer forma, é bom que estes tipos de instalações / vinhetas / obras interativas existam. Ver o meio dos games usado para outros fins pode ser interessante – mas é bom que o espectador saiba onde está pisando. Não faz sentido algum reclamar sobre algo não ser o que, de fato, não é.

Passando o controle: Pensando em jogos propriamente ditos (os mais tradicionais!), quais foram os que mais te tocaram enquanto arte, e por qual razão?

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