Normalmente, o termo “killer app” é usado no mundo dos videogames para citar aquele jogo (e em grande parte das vezes, exclusivo) que fará as pessoas comprarem determinado sistema. Enquanto é óbvio que um monte de outros fatores entrarão em conta depois – como os outros jogos disponíveis, o preço atual do console, se mais amigos seus também o têm, e por aí vai – vez por outra aparece aquele jogo que você olha e pensa: “é por isso que eu quero comprar aquele console”.
Após um longo e árduo trabalho, eis que eu pude garantir meu PlayStation 3. Além do corte do preço (mais do que providencial) e de ser um ótimo leitor de filmes em Blu-ray desde sua chegada no mercado, um lançamento marcado para o primeiro trimestre de 2010 tinha minha atenção desde seu anúncio. God of War III? Final Fantasy XIII? Não, nenhum deles é meu “killer app” do PlayStation 3… na verdade, Heavy Rain foi o jogo que me fez querer o PS3. Se serve de referência, comprei o jogo antes do console.
No fim das contas, a expectativa foi justificada? O game era aquilo tudo que a produtora prometia? Será que eu chorei jogando?
\Particularmente, a compra de Heavy Rain se mostrou uma boa escolha. Mesmo considerando que a própria Quantic Dream o define como “drama interativo”, dá para entender as críticas por uma parcela dos jogadores, como o jogo demorar um pouco a engrenar por conta da introdução / tutorial, a dependência profunda nos QTEs (quick-time events, eventos de reação rápida que requerem o pressionar de tal botão, apontar o direcional em tal sentido, etc… para realizar tal ação), e até mesmo um certo tom pretensioso dadas as aspirações do jogo (a postura do estúdio fez com que certos jogadores torcessem o nariz)…
O negócio é que todos estes elementos foram unidos de maneira inteligente, e certamente melhoraram a fórmula apresentada no antecessor da companhia, Indigo Prophecy (Fahrenheit). Os desdobramentos do meio da trama ao agir de maneiras diferentes, a integração estilizada dos indicadores de QTE na tela… e, é claro,a a trama que prende bastante o jogador. Comecei o jogo em uma tarde e o terminei naquela noite. Eu queria ver até onde a história iria, as motivações dos personagens, os resultados de seus atos, foi mais ou menos como assistir uma maratona de episódios de um seriado de televisão.
Os personagens são envolventes (uns mais que os outros, normal), o jogo tem uma ótima cota de cenas memoráveis (as sequências jogáveis de Ethan, pai em busca do filho desaparecido, são de arrasar), a trilha é bacana e o visual realista mostrou ao que veio, depois do curioso “teste de elenco de ator virtual” que a QD revelou antes do jogo – e que fez com que muitos jogadores ouvissem pela primeira vez o termo “uncanny valley” (“vale estranho”)… aquela reação de desconforto que as pessoas têm ao verem uma figura humanóide (seja um robô ou um personagem como o do vídeo abaixo) que está naquela área cinza entre “ah, tudo bem, é uma criatura virtual” e “apesar do visual, não parece realista o suficiente”. O que se vê abaixo – o tal “teste de elenco” – foi melhorado a olhos vistos na versão final do jogo:
Quando você zera Heavy Rain pela primeira vez, você já sabe quem é a pessoa por trás da alcunha “Origami Killer”; ao jogar de novo, a graça estará em tomar decisões diferentes para ver os desdobramentos e finais diferentes… mas aí caímos naquele problema de filmes como O Sexto Sentido. Sabendo o mistério de antemão, periga a coisa perder um pouco a graça depois da segunda vez que assiste (já que na primeira você tentará identificar as dicas que o filme te dá). Felizmente, a variedade de desdobramentos da trama deste jogo depõe a seu favor; já quero ver como o final mudará de acordo com os atos da próxima partida.
Às vezes me pego imaginando como o formato ficaria ainda mais bacana se outros jogos deste gênero pudessem apresentar uma maneira de modificar o mistério final, e não apenas as maneiras que o levam até ele. Imagino que seria um esforço considerável por parte das desenvolvedoras, mas… a esta altura do campeonato, não duvido de mais nada.
Passando o controle: Se você já jogou Heavy Rain – ou não jogou, mas não se incomoda em saber de spoilers bem do início da trama… no caso, o tutorial – jogue Press X to Jason e ria um bocado desta cena infame do começo do jogo (que sim, eu curti 🙂 ).
Jogo incrível, com uma história maravilhosa e que realmente insere o jogador e suas emoções na pele dos personagens. Apesar dos controles estranhos de se acostumar e de achar que poderiam ter dado um pouco mais de liberdade na jogabilidade, achei uma experiência muito diferente e imersiva, com um roteiro e produção que nada deve aos grandes filmes hollywoodianos.
Pela primeira vez vi em um jogo de videogame eu vi algo que considero foto-realismo! Andei lendo que a próxima plaac da NVIDIA, a GTX280 alcançará o foto-realismo, mas é só jogar Heavy Rain e prestar atenção nos rostos e feições do garçom e do Nathaniel, por exemplo. As faces dos personagens beira o absurdo! No entanto, a atenção dada aos rostos e sincronismo labial (melhor que já vi até hoje) contrasta bastante com outras coisas. Basta lembrar da Lauren mexendo na caixinha de músicas na loja do Manfred qua aquela mão quadrada e medonha assusta bastante. Mas mesmo assim, pela primeira vez enxerguei uma pessoa em um game e não um “boneco em 3D”. Provavelmente o God of War III tem gráficos melhores, ainda não o joguei, mas Heavy Rain marcou a história dos games por suas inovações técnicas e narrativas.
Marcus, Heavy Rain é jogão mesmo. Acho que a liberdade que você fala poderia ter sido melhor usada não na exploração, mas em mais elementos interativos nos cenários presentes no jogo. E realmente, o visual do jogo é incrível. Certos NPCs mostram isso bem – note a tendência aos personagens mais velhos parecerem mais convincentes. 😉 E acho que a Quantic Dream melhorou a fórmula (já que sempre ouvi falar muito mal da reta final do Indigo Prophecy…).
Meu killer app foi Uncharted 2, também comprei antes do console!!
Max, boto fé! Uncharted é um que eu devo jogar mais pra frente, assim como o segundo. 🙂
realmente, vi este jogo no camelódromo da uruguaiana e deu mesmo vontade de ter o ps3.
Renan, agora me parece uma compra melhor – ainda mais se você tiver uma TV de alta definição e também quiser ver filmes em Blu-ray – pois o preço tá bem mais em conta do que antes.
Poxa, caro Jigu! Só me fez querer apreciar mais o game. Como o importei, ainda estou aguardando a chegada (mesmo tendo sido enviado no lançamento….).
Quem sabe hoje eu não tenha a sorte grande e possa me aventurar na caça ao Origami Killer?
Para mim, Heavy Rain é com certeza um killer app.
Intentor, pois é! O meu chegou relativamente rápido graças a um benfeitor misterioso que trouxe este e o Demon’s Souls… 🙂 Tomara que você receba o jogo logo!
Aliás, já me adicionou na PSN? Pra variar, é Jiguryo. 🙂
Hoje à noite mesmo já o adicionarei lá na clássica PSN!
E fiquemos na torcida pela chegada do meu Heavy Rain (e outros joguinhos mais)!
Beleza! Quais outros você tem? Por aqui, tenho o Demon’s Souls – e o Arkham Asylum, mas este é emprestado…
Como sou da velha guarda do PS3 (adquiri o console em 2007) tenho muitos dos principais games do console, incluindo aí o ótimo Demon’s Souls (o Arkham Asylum estou esperando baixar dos estáveis $56 para pegar).
Quando nos encontrarmos pela PSN a gente pode se encontrar no mundo medieval do Demon’s: é simplesmente soberbo! E não se esqueça dos games disponíveis na PSN: tem muita coisa boa!
Show de bola, já vi que tenho mais gente pra jogar o DeSo então 🙂 Quanto aos jogos de PSN, já estou fazendo um apanhado dos que quero pra hora de comprar o cartão de pontos…