[Post originalmente publicado no Working Class Anti-Hero]
Depois que Goichi “51” Suda, chefão da produtora de videogame Grasshopper Manufacture, citou o filme El Topo (1970) como uma das inspirações de seu próximo jogo para Wii (No More Heroes), fiquei na curiosidade de assistir. Finalmente tive a oportunidade de vê-lo, e achei-o bem interessante — mas nada fácil de digerir em primeira instância.
O filme é um western pouquíssimo convencional sobre autoconhecimento e iluminação, traçando uma porrada de paralelos malucos com a Bíblia, religião e filosofia. Surreal pra cacete, diga-se de passagem: várias passagens psicodélicas — como os duelos com os “quatro mestres do deserto” e a marcha dos proscritos na segunda metade do filme.
Trilha bacana, imagético incrível e poderoso… mas haja disposição para assistir assim no pulo, hein? De qualquer forma, fiquei com vontade de ver outros filmes do Alejandro Jodorowsky. Dando uma pesquisada a fundo depois de encerrar o filme, vi que ele é considerado um dos primeiros (senão o primeiro) “midnight movie”, aquele filme cult — normalmente de orçamento restrito, temática incomum dentre outros fatores — que passaria em horários poucos convencionais na TV e gerou toda uma onda de exibições tarde da noite nos cinemas.
É, mais uma vez os games a serviço da cultura, mesmo que indiretamente!