Söldner-X 2: Versão ‘Agora Vai’
[Post originalmente publicado no Arcadia]
Parte dos frequentadores do site Play-Asia (que eu não ganhei um centavo sequer para citar aqui; se tanto, eu que já deixei uma grana considerável na conta deles!) curte jogos de nave espacial, e o pessoal da loja online sabe disto: eles costumam dar uma atenção especial quando sai algum game do gênero para os sistemas atuais… que diabos, até mesmo para o Dreamcast, quando algum estúdio se mete a fazê-lo anos depois de sua descontinuação.
E qual não foi a surpresa da galera ao ver que eles mesmos entrariam no ramo com “Söldner-X: Himmelsturmer”? Infelizmente, as impressões gerais do primeiro game indiicavam que não ficou tão bacana assim (ou os jogadores andaram mimados com pérolas como “Ikaruga” e “ESPGaluda” – mas admito que o joguei pouco). Felizmente, aquela máxima “se não funcionar da primeira vez, tente de novo” foi lembrada, e “Söldner-X 2: Final Prototype” se saiu melhor do que seu antecessor.
Variedade é o Tempero da Vida: O sistema de combate, envolvendo alternar três tipos de armas diferentes, dá uma variedade boa – assim como os ataques especiais por powerup obtido ou prolongar uma sequência de acertos. E do jeito que pintam naves diferentes para enfrentar, ficar trocando de armas é praticamente uma necessidade.
Fique Um Pouco, Fique Para Sempre: O jogo dá motivos de sobra para os jogadores voltarem. Além da tabelinha de recordes online e troféus destrancáveis, a estrutura de fases requer que o jogador ache ícones de chaves douradas em meio aos powerups, e de tantos em tantos as fases seguintes são destrancadas. Isto sem contar os desafios extras, como encarar as três primeiras fases sem perder uma nave.
Visual Bacana…: Os gráficos do jogo são bonitos, mesmo que não precisem arrancar leite de pedra do processamento do PS3 – e obviamente isto é uma coisa boa. Ver os paredões de disparos dos inimigos sem slowdowns também ajuda – e alguns chefões do jogo são bem bacanas, como este aí abaixo.
… Mas Não o Tempo Todo: Enquanto eu não esperava que tivesse nada como full-motion videos para contar a trama, as sequências com historinhas – todas com aqueles “desenhos desanimados”, que usam ilustrações fixas em movimento – não convencem muito. Mas sorria: ainda bem que é um shoot ’em up, e não um adventure.
Level Designer Nascido Por Geração Espontânea: Vulgo “fulano não deve ter mãe”. Algumas disposições de disparos são bem difíceis (mesmo considerando que há o elemento “bullet hell”, no qual o jogador tem que esquivar de enxurradas de tiros difíceis de esquivar), e certos lugares onde as chaves douradas estão são de lascar. Quem jogou a fase das ilhas flutuantes sabe…
A segunda tentativa deu certo: “Söldner-X 2: Final Prototype” é uma boa pedida para saciar a sede por shoot ’em ups na PSN. Outro aspecto bem positivo do jogo está no quanto ele é mais amigável a jogadores menos escolados no assunto – afinal, vamos deixar mais gente se divertir, não é? – mas reserva desafios a mais para os veteranos no assunto. “Protótipo final”, diz o título? Fico na torcida pelo próximo com ainda mais melhorias.
“Söldner-X 2: Final Prototype” é vendido por download na PlayStation Network e não tem restrições etárias.
Fractal: O enigma das abelhas
[Post originalmente publicado no Arcadia]
Tenho a impressão que existe um paradoxo engraçado em se tratando de jogos do gênero “puzzle”. Ao mesmo tempo que um bom quebra-cabeças pode ser uma boa pedida para aquele intervalinho entre os afazeres, espera na fila do banco, rodoviária, aeroporto etc… ele também pode ser um verdadeiro buraco negro de tempo livre nas mãos.
Algumas produtoras de jogos levam esta disparidade em conta na hora de criar seus jogos, oferecendo modalidades diferentes. O estúdio Cipher Prime, responsável pelo fantástico “Auditorium“, fez seu dever de casa direitinho com sua mais recente produção, “Fractal”. Versões de demonstração do jogo estão na web, mas quem optar por comprá-los os instalar no próprio computador… e adeus, produtividade!
Simples e Eficaz: É mais um jogo daquela escolinha de formar grupos de peças para eliminar, como tantos outros. E isto não é um problema quando se trata de algo bem realizado como “Fractal”: ao empurrar os hexágonos para formar grupos sólidos de sete ou mais, o resto à sua volta é afetado – e se programar para realizar combos explosivos é essencial.
Três Em Um: Além do modo campanha, o jogo oferece modalidades que enfatizam a solução de quebra-cabeças mais minuciosos, ou outro mais frenético e arcade, sem limite de cliques e correndo contra o relógio. Isto é, dá para variar um pouco caso o modo campanha esteja difícil demais — tipo receber uma segunda cor de peças para complicar sua vida.
Puro Estilo: O audiovisual é estiloso demais. Além dos jogos de cores sem exageros, o visual dos menus, ilustrações nos cenários, e até mesmo a enorme lista de elogios para os combos do jogador funcionam muito bem juntos. A trilha sonora, com um climão eletrônico ambiente, amarra tudo isto muito bem.
Pegando no Tranco: É curioso como um jogo de aparência tão limpa tenha um desempenho tão arrastado em certos momentos, mesmo quando trocamos a resolução. Felizmente, não atrapalha na jogabilidade, já que a única modalidade na qual a velocidade do jogador pesa no resultado não sofre com isto.
De jogabilidade enganadoramente simples, “Fractal” é um daqueles puzzles que consome seu tempo e bota os neurônios para trabalharem de verdade. A chance do jogador ficar com hexágonos na cabeça na hora de dormir depois de uma sessão longa é grande, já que ficar fazendo as combinações diferentes nas modalidades que o jogo oferece é um tanto viciante. Enquanto é uma pena que os jogadores não tenham muito como medir o quanto jogo rodará bem em seu computador – já que a demo jogável é um Flash no site oficial – o resultado final não é prejudicado. E lá vamos nós tentar mais um combo impossível…
Vendido por download, “Fractal” (PC, Mac) não tem restrições de classificação etária.
Snoopy Flying Ace: Fofinho uma ova!
[Post originalmente publicado no Arcadia]
Há pouco tempo, eu e minha namorada estávamos vendo um DVD com seis episódios remasterizados da turma do Charlie Brown. Cinquenta anos depois, continua parecendo que funciona para crianças, mas longe de ser só para elas: afinal de contas, existem aqueles dramas sobre pressão dos amigos, tentar e falhar miseravelmente, coisas que só os mais vividos sabem. Enfim… é legal para as crianças, e provavelmente mais ainda para os adultos.
Se seguirmos o que aparece com mais frequência nos desenhos e tirinhas e tentarmos aplicar ao mundo dos jogos, são duas as possibilidades mais óbvias: um jogo de baseball, ou um sobre os devaneios de Snoopy sobre ser um audaz piloto da Primeira Guerra Mundial. Este último caso é tão claro que já existem pelo menos três games do assunto: o primeiro, para Atari 2600; o segundo, “Snoopy vs. the Red Baron”, para PS2, PSP e PC…
Por fim, “Snoopy Flying Ace”, lançado neste ano para o Xbox 360. Quem diria que um jogo licenciado se sairia tão bem, hein? A Smart Bomb está de parabéns.
Pegue e Jogue: A jogabilidade é simples e eficaz: dá para se desvencilhar da mira automática de certas armas ao realizar uma pirueta com o avião, fazer loopings para contornar o inimigo ou dar meia volta, tudo com um toque do analógico direito. De resto, é possível acelerar ou reduzir a velocidade do avião, alternar armas… em questão de poucos minutos, é fácil ficar safo na pilotagem.
Guerra Sem Fim: A variedade de modos multiplayer são a joia da coroa. Maioria das modalidades oferecidas são bacanas e contam com uma boa comunidade de jogadores na Live, e o sistema de ranking e patentes medindo o avanço do jogador dá motivos extras para voltar ao jogo. Afinal de contas, você quer ou não quer entrar no ranking exclusivo dos Flying Aces?
Mais Complexo do Que Parece: A quantidade de armas extras – além da metralhadora, é possível escolher mais duas diferentes de uma lista bem respeitável – e aviões com dirigibilidade, resistência e velocidades diferentes dão uma variedade surpreendente de combinações. E como é fácil trocar as armas na hora do respawn no mapa, dá para mudar sua estratégia caso seja necessário.
Arrume Uns Amigos: Embora divertida, a campanha single-player do jogo não é seu ponto forte. Na real, esta serve mais para treinar o jogador no esquema de controle e no combate do que qualquer outra coisa. Se você é daqueles que não curtem multiplayer, talvez a experiência completa não seja bem a sua. Jogue a demo e decida.
Olhando, Nem Parece: Chega a ser uma injustiça pensar que parte dos jogadores poderá torcer o nariz por se tratar de um jogo do Snoopy. Mesmo tirando do caminho o fato de ser um jogo de guerra, ter o beagle e tudo tem potencial de sobra para o jogador médio imaginar que é um jogo para crianças. Se serve de exemplo… é tão “só para criança” quanto o desenho animado (isto é, não muito).
Americano Demais: Calma, não é uma crítica ao conteúdo! O lance é o modo Pigskin, que remete ao futebol americano: enquanto uma equipe de pilotos tenta levar a bola ao outro lado do campo em seus aviões, o time de defesa fica em armas fixas no outro lado do cenário. Parece bacana no papel, mas… na prática, nem é tão bacana quanto os outros mais tradicionais.
Não se deixe enganar pelo visual engraçadinho: seguindo a escolinha de jogos como “Crimson Skies”, “Snoopy Flying Ace” é um jogo de guerra bem sólido que tem em seu modo multiplayer sua maior força. Além de oferecer uma boa quantidade de veículos e armamentos, combinados a gosto do jogador, também há o incentivo de subir de patente ao jogar online. Para quem curte mais a turma do Charlie Brown, então, já viu: todos os personagens de maior presença estão lá, e até mesmo outros menos óbvios. Só faltou a voz de trombone da professora…
Vendido por download no Mercado Xbox Live, “Snoopy Flying Ace” é recomendado para maiores de 10 anos.
The Silver Lining: O Retorno do Rei Graham
[Post originalmente publicado no Arcadia]
Certas séries são tão queridas por sua base de fãs que acabam rendendo homenagens, que vão de ilustrações, contos, a imaginação era o limite para estes entusiastas. Em muitas ocasiões, grupos ainda mais dedicados chegaram a criar jogos do zero inspirados por suas obras favoritas — só que nem sempre as detentoras das marcas originais levam isto numa boa. Um exemplo disto foi “Chrono Resurrection”, uma recriação para PC do clássico “Chrono Trigger”, originalmente lançado para o Super Nintendo. Meses depois de revelado, o grupo responsável recebeu uma notificação da Square Enix, acarretando o fim do projeto.
Outro que passou bem perto disto acontecer foi “The Silver Lining”, outro jogo grátis a ser inspirado pela série “King’s Quest”. Iniciado em 2002, o projeto encarou muitos obstáculos desde então: em pelo menos duas ocasiões a produção foi suspensa a pedidos das respectivas donas da marca… oito anos depois, a Activision permitiu que o jogo fosse lançado. O primeiro episódio, “What Is Decreed Must Be”, saiu no sábado passado – e de graça, como originalmente planejado – e dá continuidade aos eventos de “King’s Quest VI: Heir Today, Gone Tomorrow”… mas no lugar do príncipe Alexander, voltamos a controlar o herói original da série: o rei Graham. Que precisará descobrir quem foi o mago das trevas que amaldiçoou seus filhos no casamento de Rosella…
Mantendo o Nível: Os diálogos e textos do jogo, embora possam se alongar um pouco de vez em quando, são bons. E isto inclui aquele tipo de humor clássico dos adventures clássicos da Sierra On-Line, com aquele arsenal de respostas espertinhas para quando o jogador tentava algo sem pé nem cabeça (como falar com uma objeto inanimado, usar o comando “pegar” em um personagem, etc…).
Honre Sua História: Enquanto o jogo se faz claro sobre as referências aos episódios anteriores, quem os jogou curtirá as referências soltas aqui e ali. Dá para notar que é um trabalho de fãs de verdade. Sendo que o “de verdade” se refere tanto ao trabalho quanto aos fãs, neste caso!
Sentem-se, Vou Contar Uma História: A narração, feita pela cantora Amy Kurylo, é boa – e ela se sai bem tanto nos momentos sérios da trama quanto naquelas horas mais descontraídas. O resto do elenco também é bom, como a voz de Graham e do povo alado.
Era Uma Vez um Rei Que Foi Feliz Para Sempre: Este episódio é incrivelmente curto, a ponto de me fazer questionar se os criadores se focaram em contar a história em vez de oferecer enigmas mais difíceis. Em questão de uma hora, se tanto, o jogo acaba. Mas um contato posterior com os produtores confirma que isto só se aplica a este capítulo, já que a ideia original de 2002 não envolvia a divisão em episódios. De qualquer forma, me garantiram que os próximos serão mais longos e desafiadores.
Mostrando a Idade: E não me refiro ao velho Graham. Enquanto o visual do jogo merece elogios em relação à recriação dos ambientes do jogo original e tudo mais, maso visual de certas partes não caiu tão bem. Dá para entender que o material usado para isto seja o próprio engine do jogo (Torque), mas o vídeo de apresentação e tal acaba parecendo um tanto datado por causa da resolução e a conversão do mesmo para um formato de vídeo. As animações faciais ficam estranhas nesta parte — e no jogo, uma ou outra parece mais esquisita, como a do povo alado.
Audiófilo Mala: Enquanto a dublagem é boa, os mais exigentes e preciosistas poderão reclamar da mixagem de áudio das vozes. Às vezes, é possível notar o corte do som ao final de uma frase, além de níveis diferentes para personagens em uma mesma sequência (como quando se usa o ícone de olhar em Graham, e tanto a narradora quanto o herói comentam algo).
Não dá para não imaginar “The Silver Lining” como uma pequena vitória. Foram oito anos atribulados de desenvolvimento, e e não fosse pela insistência do pessoal da Phoenix Online (e o sinal verde da Activision), quem sabe quando veríamos os personagens de “King’s Quest” de novo? Enquanto o jogo tem seus deslizes — sim, é uma experiência frustrantemente curta, e a parte visual é mais bem concebida do que realizada — fica a vontade de ver o que acontece nos próximos episódios. De qualquer maneira, vale tirar o chapéu para os desenvolvedores pela iniciativa.
“What Is Decreed Must Be”, o primeiro episódio de “The Silver Lining”, faz parte de uma série de cinco capítulos a serem oferecidos gratuitamente no site oficial. O jogo não tem classificação etária, mas segue o padrão dos contos de fantasia da série original – portanto, é seguro para toda a família.
Puzzle Agent: Borrachas, gnomos e mistério
[Post originalmente publicado no Arcadia]
Antes de mais nada, uma curiosidade: Steve Purcell, criador de Sam & Max, trabalhava como ilustrador na então chamada LucasFilm Games. Com o tempo (e uma série de “participações especiais” ocultas nos outros jogos), seus personagens acabaram por estrelar sua própria aventura. A Telltale, que conta com veteranos da LucasArts, parece repetir a dose ao dar a chance a um funcionário…
Desta vez é o desenhista Graham Annable — da tirinha “Dank, the Caveman Inventor” e da série de quadrinhos “Grickle”— que tem sua chance de brilhar. As criações de Annable estão no site da empresa, assim como Sam & Max apareciam nos informes e impressos da Lucas. E a estreia de Annable no mundo dos jogos se deu com “Nelson Tethers: Puzzle Agent”, que reúne vários quebra-cabeças de lógica e uma trama pra lá de bizarra.
Como o nome sugere, Tethers é um agente do governo americano, e sua especialidade no FBI é resolver quebra-cabeças. Dito isto…
Estranhópolis – População: Todos: A cidade de Scoggins é repleta de figuras esquisitas, salvo raríssimas exceções. O clima também ajuda, já que a história inusitada envolve uma fábrica de borrachas de suma importância para o governo americano e uns gnomos mal-encarados.
Tudo Se Encaixa: Os enigmas são bem-amarrados às situações do jogo, como montar um prato para a garçonete distraída, descobrir a que horas aconteceu o estrondo na fábrica se baseando nos comentários dos quatro vigias de turnos diferentes, e por aí vai.
Terry Gilliam Aprova: Econômica, a animação dos personagens é digna do traço de Annable — até mesmo as imperfeições da ilustração a lápis são notáveis na hora dos closes de câmera — e a dublagem é boa, com sotaques variados para os coadjuvantes. Como o… sueco? Deve ser sueco… ah, o velho em um dos primeiros lugares da cidade.
Quilo de Chumbo vs. Quilo de Algodão: Vá lá, é esperado que um jogo de quebra-cabeças seja desafiador, mas há uma disparidade grande na dificuldade. Claro, os primeiros são mais fáceis de resolver, e outros igualmente tranquilos estão salpicados no meio da aventura… depois de alguns de arrancar os cabelos.
Parece, Mas Não É: Não se deixe enganar pelo estilo visual simples: este jogo é tão leve para a máquina quanto os demais jogos da Telltale. Não que isto seja pesado, mas admito que fiquei surpreso quanto ao desempenho ser similar ao de outros jogos de gráficos mais complexos.
“Repeat, Please”: Como o jogo só está disponível em inglês e alguns enunciados são bem capiciosos, gamers menos safos poderão se enrolar um pouco. Vale redobrar a atenção na hora de ler a descrição de cada enigma, por via das dúvidas.
Seguindo a onda de jogos como “Professor Layton”, “Puzzle Agent” é uma produção bem competente e mantém o clima do trabalho de Graham Annable. Reunindo vários quebra-cabeças insólitos em uma cidade estranha (sem contar a trama, né?), o título é uma ótima pedida para quem gosta de puzzles casuais, mesmo considerando a disparidade na dificuldade destes. Nada que caçar os chicletes escondidos no cenário, que ajudam nosso herói a raciocinar melhor, não resolva.
Puzzle Agent (PC / a caminho do WiiWare, iPad e iPhone) é vendido por download, sem restrições de classificação etária.
Sam & Max: Onde está minha mente?
[Post originalmente publicado no Arcadia]
Se tem um estúdio que aperfeiçoou a arte dos jogos episódicos, seu nome é Telltale. Não contente em resgatar os personagens Sam & Max do limbo e transformá-los em astros de sua primeira série episódica, o formato deu tão certo que a dupla já está em sua terceira temporada. A empresa foi adaptando e atualizando seu engine, assim oferecendo seus jogos para cada vez mais sistemas…
“The Devil’s Playhouse”, a atual temporada, praticamente leva a bizarrice ao nível dos quadrinhos de origem (até hoje, inéditos no Brasil – alô, editoras!), e “They Stole Max’s Brain!” não faz a menor questão de mudar isso. Se tanto, só o reforça… afinal de contas, não é todo dia que o cérebro de um dos protagonistas é roubado, não é? E a culpa é de quem? Hmmmm…
Um Cão Raivoso: A transformação de Max em um peso de papel sem vida deixou Sam descompensado como nunca o vimos. Isto rende uma introdução hilária ao episódio, que pega pesado no clima noir, mas sem perder o bom humor. Sam está sem chapéu, mangas dobradas, barba por fazer (e considerando que ele é um cachorro, isto quer dizer muita coisa), bom humor zero e um arsenal de declarações intermináveis e frases feitas… e aí entra outro aspecto interessante do jogo…
Ligando os Pontos: Lembrando jogos como “Phoenix Wright”, os interrogatórios da introdução poderiam virar parte integrante da série. No comecinho do episódio, Sam está atormentado e em busca de respostas, vagando pela cidade e conversando com três suspeitos. A diferença é que, desta vez, é possível interrompê-los nas frases na hora em que acha alguma inconsistência na arugmentação. Acha que o sujeito está mentindo e tem provas para isso? Corte o papo e arranque a verdade dele.
De Repente, Tudo Mudou: Não pretendo estragar a surpresa de ninguém, mas há um momento no meio da aventura que lembra daquelas quebras surpreendentes no mundo de jogo, como aconteceu em “Final Fantasy VI” e “The Legend of Zelda: Ocarina of Time” (guardadas as mais do que devidas proporções, óbvio). É curioso, é inesperado e o resultado é engraçado demais.
Ih, o SAP Não Está Funcionando: Quando for jogar, não deixe de ativar as legendas antes da aventura começar, por mais que você se garanta no inglês. Os motivos? Um dos suspeitos da introdução do jogo fala com uma verdadeira mistureba de sotaques europeus… mas a real razão não é esta: só dá para habilitar as legendas no menu de opções depois de resolver esta introdução. Para evitar o “quit” na marra para reiniciar o jogo, fica a dica: ative as legendas antes.
“They Stole Max’s Brain!” mantém o humor surreal da dupla, o clima bizarro da temporada como um todo e uma série de enigmas curiosos. Os novos itens da Devil’s Toybox – como a massinha de modelar que transforma o personagem no objeto copiado – abrem possibilidades bem engraçadas para os enigmas apresentados.
“Sam & Max: They Stole Max’s Brain!” (PC, Mac, PSN, iPad) tem classificação etária sugerida para maiores de 10 anos. O jogo está à venda por download e faz parte da temporada “The Devil’s Playhouse”, que pode ser comprada em um pacote fechado. À medida que são lançados, são liberados para download aos compradores.
Red Dead Redemption: Novo Velho Oeste
[Post originalmente publicado no Arcadia]
Quando ouvimos falar da Rockstar Games, é comum associarmos o nome à série “Grand Theft Auto” – e em outras ocasiões, jogos de níveis diferentes de controvérsia, seja justificável como “Manhunt” ou desmerecido como “Bully”. No entanto, outro jogo antigo da companhia ganhou uma sequência: “Red Dead Revolver”, um western para o PlayStation 2 e Xbox que foi vendido a eles pela Capcom, volta à toda em “Red Dead Redemption”.
Nesta aventura – não é uma sequência direta da trama de “Revolver” – o pistoleiro John Marston está à procura de seu antigo parceiro de gangue, Bill Williamson, para entregá-lo vivo ou morto às autoridades. Para isto, o antigo fora-da-lei viaja para a fictícia New Austin (*cof* Texas *cof*), no meio do deserto americano… e é claro que o negócio não é fácil, já que o bom e velho Billy arrumou novos amigos, uma base de operações e armas até dizer chega.
Não é nada que formar as amizades certas não resolva – mesmo que envolva um mercador charlatão, um irlandês bebum e um sujeito que claramente tomou muito sol na cabeça nesta vida.
Vida Ocupada: Há muito o que fazer no jogo, mesmo sem considerar a trama principal. Caçar animais para vender suas carnes e pelagens (para o desespero dos politicamente corretos e ambientalistas de plantão), jogar cartas, coletar plantas e ervas, perseguir os procurados pela lei e entregá-los vivos ou mortos – vivos, valem mais! – e por aí vai. Sem contar o ocasional personagem coadjuvante que pede ajuda de uma forma ou outra.
Chumbo Quente: O sistema de combate remete ao de “GTA” e funciona bem – e fica mais divertido ainda com o uso do Dead Eye, que deixa tudo em câmera lenta por um tempinho e permite marcar pontos específicos de seus alvos para disparar uma rajada de balas… seja para acabar com a raça de algum bandido, ou até mesmo acertar somente a arma de sua mão e desarmá-lo. Ah, e trocar tiros a cavalo funciona bem pacas.
Aprenda a Respeitar o Homem Mau: O sistema de honra e fama afeta sua reputação por toda New Austin, cabendo ao jogador a escolha entre ser o mocinho gente boa que ajuda o lojista que teve seu caixa roubado, ou mesmo as profissionais da carreira mais antiga do mundo (heh) enfrentando bêbados violentos… isso ou sair metendo bala em tudo e todos, aí vai de cada um. E todas estas ações afetam a percepção de seu personagem pelos cidadãos.
Aluga-se Este Espaço: Talvez seja o costume pelos jogos de mundo aberto ambientados na cidade grande, mas às vezes as longas cavalgadas no deserto dão a óbvia impressão de um grande vazio entre os vilarejos. Faz sentido, é o velho oeste, e o visual incrível e as ocasionais atividades amenizam esta impressão… mas o tipo de jogador que reclamou das navegações em “The Legend of Zelda: The Wind Waker” provavelmente vai chiar com esta, também.
Indicador Escorregadio: Enquanto o sistema Dead Eye é bacana, é uma pena que não seja muito óbvio como desfazer a mira depois de marcada… isto é, grandes chances de passar por algum inocente (ou pelo menos que não fosse seu alvo móvel da vez) e meter bala nele inadvertidamente. E quais as chances de um inocente estar perdido no meio? Ah, só jogando pra saber.
Mesmo levando em conta que não se trata de uma marca muito famosa da Rockstar, “Red Dead Redemption” não poderia ter um nome mais apropriado, pois redimiu o anterior que passou batido por tanta gente. Aproveitar a popularidade ainda maior da companhia no cenário atual e o avanço do motor gráfico RAGE, que deixa o jogo com um visual e som espetacular, também ajuda. Além de um extensa campanha single-player cheia de atividades, o modo online é divertido demais – até mesmo quando seus amigos em níveis mais avançados têm cavalos dignos do jockey club, e você está naquele burrico velho do nível um com uma garrucha no colo. Mas não desista!
Red Dead Redemption (PlayStation 3, Xbox 360) tem classificação etária sugerida de 17 anos e acima. Até o momento, a Rockstar lançou a campanha cooperativa “Outlaws to the End” gratuitamente para download na PlayStation Network e Xbox Live Arcade.
Entrevista: Robert Simpson, executivo de eSports da Blizzard
[Post originalmente publicado no Arcadia]
Saiu na edição de hoje da DIGITAL minha matéria sobre a chegada de “StarCraft II: Wings of Liberty”, a esperada sequência do jogo de estratégia em tempo real da Blizzard. Parte das novidades foram apresentadas em um evento realizado em São Paulo, no qual pude trocar uma ideia com Robert Simpson, executivo da divisão de esportes eletrônicos da empresa.
Simpson comenta o quanto o jogo vai ser leve para os sistemas atuais e a chegada do serviço Battle.net no país – para quem curte os jogos deles e sempre quis competir no evento deles, a BlizzCon, é melhor ir treinando – pois os jogadores daqui não competirão apenas contra os brasileiros, como também contra o resto da América Latina!
ARCADIA: O primeiro “StarCraft” ainda é popular e vende muito, mesmo doze anos depois de seu lançamento. Uma das razões disto é o fato de ser um jogo leve para os padrões atuais de computadores. Vocês levaram este aspecto em consideração “StarCraft II”, deixando-o leve para os sistemas atuais?
SIMPSON: Sempre tentamos considerar levar nossos jogos ao máximo de pessoas possível. Essencialmente, se você puder rodar “World of WarCraft”, você provavelmente conseguirá rodar “StarCraft II”. Como queremos que muita gente jogue, então não é de grande importância para nós que o jogo seja um devorador de sistemas, ou de avanço tecnológico desnecessário. Queremos que tenha boa jogabilidade, e seja jogável pela maior quantidade possível de gente.
E quanto à parte de comunidade de “SCII”, como vocês pretendem promover o aspecto de “esporte virtual” do jogo no Brasil e América Latina?
Bem, da maneira como a Battle.net é feita, você terá uma experiência específica à região e jogará contra outros jogadores latinoamericanos. A forma como a BlizzCon funciona no momento é que cada uma das regiões disponíveis acaba tendo seu próprio torneio, e há um evento regional para os melhores jogadores. Os vencedores do evento vão para a BlizzCon. À medida que vamos adicionando novas regiões, idealmente queremos representar todas as regiões sob a mesma luz.
Da maneira ideal, existirá uma representação competitiva por parte da comunidade latinoamericana. Ouvi falar muito bem sobre os jogadores brasileiros e peruanos, que são incríveis. Então apoiaremos a demanda, sabemos da popularidade de jogos como “Counter-Strike” por aqui… se os jogadores profissionais quiserem jogar “StarCraft”, vamos ajudá-los.
Certo. E se a pessoa comprar a edição de R$ 49 reais nas lojas e tiver interesse em obter a experiência completa? Quanto deve sair?
Ainda não anunciamos os detalhes sobe isso… temos o sistema de cartões de 30 e 60 das depois do fim do prazo de “StarCraft II”, e anunciaremos mais detalhes sobre isto quando tivermos tudo esquematizado direitinho. Queremos garantir que está tudo perfeito antes disso. A Blizzard está muito entusiasmada com a chegada no Brasil, assim como os jogadores demonstraram estar.
“StarCraft II: Wings of Liberty” chega às lojas em 27 de julho. Prontos para finalmente enfrentarem a ameaça Zerg mais uma vez?
Blog de jogos no Globo? Hein?
É, galera, acabou o mistério: hoje foi o lançamento do Arcadia, o blog do site do jornal O Globo dedicado aos videogames para console, PC, portátil, celular, o que vier de bacana. Sabe como é, para dar aquela complementada na cobertura de novidades sobre a indústria, lançar análises de jogos, publicar entrevistas, e assim por diante.
Antes que perguntem, não vou abandonar este blog. Fiquem de olho nos dois e descubram as diferenças. 😉 O primeiro post pós-inaugural é uma entrevistinha com Robert Simpson, executivo de eSports da Blizzard. Visite o blog e siga o perfil no Twitter para saber as novidades.
















