Vãos na comunicação online, Spore e a lei de Poe
[Post originalmente publicado no Working Class Anti-Hero]
Por mais que a comunicação online seja uma parada extremamente útil e conveniente, os vãos entre mensagens e a falta do tom de voz abrem (ainda) mais precedentes para desentendimentos épicos… Digamos que alguém cai na asneira de discutir algo sério relacionado ao namoro via MSN, GTalk, etc… e você enviou uma frase do tamanho de um bonde. Do outro lado do monitor, quem estiver lendo terá tempo de assimilar o texto, e o lance da falta do tom de voz aumenta bastante a chance disso ser interpretado de forma errada.
Enfim, nessa brincadeira a chance do primeiro esclarecer qual era o contexto da primeira frase foi pra vala, já que a resposta irada para o comentário normal já está sendo digitada, e daí qualquer chance de diálogo naufraga miseravelmente. Aí, amigos, nem um smiley ou emoticon da vida salva a situação: já vão achar que é de desdém, ironia, etc… é um crescimento exponencial de gente tentando se explicar e brigando para demonstrar seu ponto de vista que, sinceramente, poderia muito bem ter sido evitado por falar isso ao telefone. Naturalmente, isso varia de pessoa pra pessoa, e isto não é uma coisa restrita aos papos online — só o “gap” entre mensagens que potencializa isso.
Por outro lado, a Internet não cansa de me divertir em relação a estas más interpretações: recentemente, um site declarou toda sua ira contra o jogo Spore — do criador de SimCity e The Sims — dizendo que batia de frente com os valores cristãos, forçando a criançada a acreditar na evolução no lugar do criacionismo, este tipo de coisa. O negócio parecia tão forçado que minha reação foi “isso não pode ser sério”. E no fim das contas, não era sério mesmo: a autora do site postou uma mensagem que foi encerrada com a letra de “Never Gonna Give You Up”, clássica das pegadinhas em vídeo online, para comprovar que tudo era uma brincadeira elaborada.
Fico pasmo com a quantidade de gente que ainda comenta a parada como se fosse verdade — tipo, as pessoas sequer leram a mensagem, qualquer pessoa com meio cérebro funcionando teria entendido que foi uma pegadinha se lesse o post na íntegra. Mas nããããão… como bem disse a autora do site, a lei de Poe nunca falha: sem um smiley ou algo descaradamente declarando que é sátira, vão achar que é sério.
Prelúdio ao vício: testando o Spore Creature Creator
[Post originalmente publicado no Working Class Anti-Hero]
Um dos jogos que mais espero este ano no PC é Spore, o ambicioso projeto do Will “Sim” Wright. Todo o lance de você criar um ser vivo desde sua fase celular até uma civilização inteira desta espécie — e criando mesmo, com direito a um sistema incrivelmente elaborado (e amigável!) de construção de personagem / objeto / veículo etc… — sempre pareceu muito interessante, e o último projeto de um certo jogo chamado The Sims fez um pequeno sucesso (sic).
Aí me vem a Maxis e lança uma demo jogável de Spore Creature Creator, um editor da fase “indivíduo” com 25% das peças da versão completa (eles também vão vender este editor com todas as peças por US$ 10, e rola desconto deste valor para quem comprar o game completo por download… eu vou do de loja mesmo, então me resta ter paciência ou pintar lá no trabalho). Que paradinha mais viciante, hein? Se com as partes que estão lá — pernas, braços, mãos, pés, cabeças, olhos e outras paradas — já dá pra fazer miséria, imagina na versão final do game…
Um negócio extremamente bacana é que o programa é integrado com o Sporepedia (um website em formato Wiki populado automaticamente com as criaturas inventadas pelos jogadores), e é possível mandar fotinhos direto pro email dos seus amigos — e até mesmo capturar um vídeo e fazer o upload automático pro YouTube. Em menos de uma semana, já tem mais de 400 mil criações — e eu já fiz algumas! Outra parada legal foi o site Spore Vote, onde celebridades de várias áreas foram convidadas para criar seus bichos e serem votados — tem David Lynch, Stan Lee, Santana, Masi Oka, Richard Branson… e até mesmo o MC Hammer!
Se existe um jogo que define com toda propriedade toda a idéia de “web 2.0”, com o conteúdo criado e compartilhado pelos usuários, é este. E setembro que não chega, hein?