Webcomics popularizam-se na internet e possibilitam o acesso ao trabalho de cartunistas iniciantes. Para autores de HQs online, essa mídia é ideal pela facilidade de publicação e pela liberdade de criação
No início de carreira, artista sofre. Bandas enviam demos a torto e a direito (algumas até invadem rádios e forçam os DJs a tocar seu trabalho), jornalistas e ilustradores editam fanzines e assim por diante.
Com HQs o caminho não é diferente: se desde crianças só lemos quadrinhos nos jornais, poucos devem saber o quanto deve ter sido difícil para os cartunistas que nos dão motivos para rir a cada manhã terem chegado lá. A não ser por um gênio ocasional ou outro, são muitas portas fechadas na cara e muitas imposições num estilo que aparenta sempre querer mais do mesmo (o de super-heróis, por exemplo).
É por essas e outras que muitos acabam desistindo ou acabam ficando restritos a guetos, não tendo sua arte apreciada como deveria por todos os seus potenciais fãs. “Pokey é muito não-convencional para as grandes editoras”, diz Steve Havelka, autor de “Pokey, the Penguin”, uma tira online sobre as aventuras nonsense de pingüins no Círculo Ártico envolvendo fábulas, provérbios e o que brotar na cabeça de Steve.
Nessas horas, a Internet mostra a que veio: um veículo perfeito para publicar arte, ao alcance de todos e sem dar satisfações a ninguém. Do ponto de vista do artista, é muito mais negócio do que a mídia impressa. “As cores são de graça, e o contato com o público é ótimo. Isso é importante pra cacete!”, diz R. Stevens, criador de Diesel Sweeties, um mundo onde pessoas e robôs convivem em paz e harmonia (ou pelo menos tentam). Apesar de não ser a mesma coisa que pegar um livro, tem-se uma total liberdade de criação.
A facilidade de publicação online é um dos fatores mais atraentes nos webcomics, como é chamado o gênero. “Nós publicamos um livro do primeiro ano de Penny-Arcade. Foi um pesadelo comparado ao modo como costumamos fazer nós mesmos”, diz Tycho Brahe. Sem contar que se pode tirar uns trocados (trocados mesmo) usando sites como o PayPal.com (que intermediam compras através de todas as formas de pagamento): “Eu nunca pensei em ganhar com o site, mas já tirei uns US$ 16 com camisetas feitas na CafePress.com!”, diz Miles Johnson, da Isometric. E pelo que se vê ao visitar estas páginas, parece que essas tiras cresceram exponencialmente: “Steve [Pokey] começou com a dele, logo depois veio o Miles e, então, eu quis fazer a minha…”, diz Scott Vandehey, do Hammerspace.
Quem garante que essas e várias outras tirinhas veriam a luz do dia sem a internet? Se vocês querem ter sua própria webcomic, lembrem-se: nada substitui uma boa idéia. Descubra sua praia, troque idéias com veteranos do gênero e com outros aspirantes, desenhe bastante, divulgue mais ainda e boa sorte!
Principais Expoentes
Penny-Arcade: Tirinha falando tudo sobre a indústria dos videogames, cultura pop e outras loucuras vindas das mentes de Gabe e Tycho, na verdade, Mike Krahulik e Jerry Holkins, fãs ardorosos de games, sci-fi e John Romer (peraí, esse não!). Sem papas na língua, deixam bem claro quando gostam de algo, mas deixam mais claro quando não.
Diesel Sweeties: Esta tirinha, criada num estilo pixelado de consoles anos 80, é uma realidade alternativa em que, por exemplo, humanos e robôs namoram. Seus personagem costumam ter visitas de personagens de outras tirinhas online, é só procurar.
Pokey, the Penguin: Um desenho educativo feito no Paintbrush, na base do CTRL+C, CTRL+V, para crianças, sobre as divertidas e elucidantes aventuras do pingüim e seus amigos no Círculo Polar Ártico. Já o que entendemos das tiras depende do que adicionamos e interpretamos delas, porque todas as historinhas são absolutamente nonsense. Dice: tente conseguir captar as referências escondidas.
Isometric: Iso apresenta um mundo habitado por cubos angustiados e clichês arquetípicos (nerds, ninjas, succubis, góticas, Dangerman, cientistas loucos…) em tirinhas ambientadas em Tóquio, no espaço sideral, na cidada gótica dos Illuminati – em nome do amor, artes marciais, filosofia e ciência, ou tudo isso combinado. Cada história é auto-suficiente e não necessariamente ligada a outras histórias.
Hammerspace: Uma paródia da vida do autor, baseada em piadas que faz com seus amigos sobre situações possíveis ou não, distorcidas até formarem um cenário enorme, irreal e cômico. Tudo com visual estilo Final Fantasy, do Super NES.