Archive for September, 2008
Vãos na comunicação online, Spore e a lei de Poe
0[Post originalmente publicado no Working Class Anti-Hero]
Por mais que a comunicação online seja uma parada extremamente útil e conveniente, os vãos entre mensagens e a falta do tom de voz abrem (ainda) mais precedentes para desentendimentos épicos… Digamos que alguém cai na asneira de discutir algo sério relacionado ao namoro via MSN, GTalk, etc… e você enviou uma frase do tamanho de um bonde. Do outro lado do monitor, quem estiver lendo terá tempo de assimilar o texto, e o lance da falta do tom de voz aumenta bastante a chance disso ser interpretado de forma errada.
Enfim, nessa brincadeira a chance do primeiro esclarecer qual era o contexto da primeira frase foi pra vala, já que a resposta irada para o comentário normal já está sendo digitada, e daí qualquer chance de diálogo naufraga miseravelmente. Aí, amigos, nem um smiley ou emoticon da vida salva a situação: já vão achar que é de desdém, ironia, etc… é um crescimento exponencial de gente tentando se explicar e brigando para demonstrar seu ponto de vista que, sinceramente, poderia muito bem ter sido evitado por falar isso ao telefone. Naturalmente, isso varia de pessoa pra pessoa, e isto não é uma coisa restrita aos papos online — só o “gap” entre mensagens que potencializa isso.
Por outro lado, a Internet não cansa de me divertir em relação a estas más interpretações: recentemente, um site declarou toda sua ira contra o jogo Spore — do criador de SimCity e The Sims — dizendo que batia de frente com os valores cristãos, forçando a criançada a acreditar na evolução no lugar do criacionismo, este tipo de coisa. O negócio parecia tão forçado que minha reação foi “isso não pode ser sério”. E no fim das contas, não era sério mesmo: a autora do site postou uma mensagem que foi encerrada com a letra de “Never Gonna Give You Up”, clássica das pegadinhas em vídeo online, para comprovar que tudo era uma brincadeira elaborada.
Fico pasmo com a quantidade de gente que ainda comenta a parada como se fosse verdade — tipo, as pessoas sequer leram a mensagem, qualquer pessoa com meio cérebro funcionando teria entendido que foi uma pegadinha se lesse o post na íntegra. Mas nããããão… como bem disse a autora do site, a lei de Poe nunca falha: sem um smiley ou algo descaradamente declarando que é sátira, vão achar que é sério.
Quem diria: Liberty City me fazendo pensar na vida!
0[Post originalmente publicado no Working Class Anti-Hero]
Sim, eu tenho noção de que minha querida meia dúzia de leitores já deve estar ficando legal dos meus papos sobre videogame — ainda mais agora, que mal tenho tipo livre de ver filmes, seriados, etc… e quando estou em casa, a boa costuma ser jogar mesmo. Tenho andado ocupado com algumas tarefas de grande importância, mas isso fica para outra ocasião…
Estou aproveitando o mês grátis de Xbox Live que veio junto com meu Grand Theft Auto IV, e tem sido bem legal jogar certos jogos online, seja com amigos ou completos desconhecidos no Xbox 360. O negócio é que neste sábado que passou, tive mais um daqueles momentos de choque ao jogar com meus amigos. E tudo começou em Liberty City…
Um grande amigo meu, atualmente residente na Inglaterra, apareceu online e abriu uma sessão privada sem objetivos do GTAIV e me chamou — que bom que finalmente botaram multiplayer de forma oficial no jogo, né? Enfim, nos encontramos e fomos dar uma volta de helicóptero pela cidade… papo vai, papo vem, e outro amigo nosso em comum — também brasileiro, mas morador da Flórida — pipoca online, e o convidamos. pra mesma sessão. Ele entra e pergunta onde estávamos, e respondemos: “maluco, espera aí onde você está, que nós vamos te buscar em grande estilo”.
Descemos o helicóptero, assumi o comando do bicho e fomos os três para nosso tour aéreo de LC. Como eu ainda não cheguei na parte do jogo solo onde se usa o helicóptero — ou não explorei a cidade o suficiente para tal — digamos que o vôo foi repleto de emoções fortíssimas. “CUIDADO COM A CAIXA D’ÁGUA!”, “LEVANTA! LEVANTA!”, e aí por diante 😛 Mas o momento de estarrecimento total veio na hora em que ouvi uma frase no headset:
“Maluco… estou voando de helicóptero sobre uma Nova Iorque de mentira com meus dois amigos!”
É nessas horas que eu paro e penso em como, ao mesmo tempo, o mundo se tornou maior e menor. Afinal de contas, eram três amigos cariocas em fusos, países, hemisférios diferentes…. sobrevoando uma metrópole virtual e sem fronteiras, conversando como se estivessem todos por perto. Tudo bem que ambientes virtuais estão longe pacas de ser uma novidade — afinal de contas, temos aí o Second Life como um bom exemplo disso — mas foi tão potente ter essa sacação em uma recriação, obviamente com licenças poéticas, de uma cidade real…
… enquanto isso, em 1985, chibi-Giglio ouviria este relato feito por mim — saído da máquina do tempo — e provavelmente responderia algo nos moldes de “é ródi, hein? Isso só em filme ou na Sessão Aventura”, e ele voltaria a ver o VHS dos Caça-Fantasmas comendo Zambinos.