Compre um PS3 Slim, mas respeite seu dinheiro

[Post originalmente publicado no Working Class Anti-Hero]

(eu já estava para escrever este post faz tempo, e me bateu a vontade de escrevê-lo de novo depois de ler a ridícula declaração das lojas daqui aos parceiros do UOL Jogos.)

Quando anunciaram o PlayStation 3 nos Estados Unidos, os US$ 600 foram motivo de piada por um bom tempo. Nem mesmo os fãs mais ferrenhos da marca pensaram em comprá-lo de imediato, ou mesmo no médio prazo – ao menos aqueles que não tentaram tapar o sol com a peneira afirmando coisas como: “ah, mas é um sistema caro”, “ah, o preço é esse mesmo”, “não é pra todo mundo”, e aí por diante. A combinação da gigantesca base instalada do PS2 com a arrogância teve seu preço para a Sony: comer poeira do Wii e do Xbox 360 nas vendas mensais de hardware por muito tempo.

Felizmente, parte da estratégia da empresa mostrou ao que veio com o tempo, seja por razões da própria ou pelas tendências da indústria. A propagação dos televisores em alta definição, a eventual vitória do formato Blu-ray sobre o HD-DVD para os (então) novos discos de alta capacidade, e a esperada redução no custo de fabricação dos componentes… tudo isto fez com que a percepção do PS3 para os gamers tenha melhorado bastante. Isso e os jogos exclusivos de peso, né? “Uncharted: Drake’s Fortune”, “Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots”, “Killzone 2”, os dois “Resistance”… sem contar que os filmes em alta ficam maneiríssimos.

Mas se botarmos na ponta do lápis, o malfadado preço elevado de estreia – como bem disse alguém no NeoGAF, “US$ 600 é a lancheira roxa desta geração, porque esse é o estigma que vai sempre ser lembrado” – já tem quase três anos. Vários modelos novos do PS3 apareceram, tirando a retrocompatibilidade (o que acho um senhor equívoco, mas isto fica pra outro post, quem sabe um dia…), trocando os tamanhos do HD, a troca do controle Sixaxis para o DualShock 3 e os jogos que vêm de fábrica… até que em agosto de 2009, veio o tão desejado corte de preço. Tanto o modelo antigo quanto o novo – mais compacto e econômico – custam US$ 299. Isto é, metade do preço original… no que pensei: “agora, sim, vai”.

PS3 Slim

Pouco antes do preço ser revelado, certas lojas online brasileiras – tipo Submarino e Americanas – tinham cortado o preço do anterior para R$ 1.300, R$ 1.200. Ainda bem que não sou de comprar no impulso! Daí do topo da minha inocência questionei se o preço do novo modelo seria razoável, já que o valor “derrubado” se aplicava aos modelos vendidos nos Estados Unidos por US$ 400…

Uma ova. Mesmo mais barato, mais leve e menos volumoso, o aparelho custa R$ 2.000 nestas lojas. Acho que é seguro dizer que importá-lo diretamente é mais negócio do que comprar neles.

Assim que anunciaram o preço, fui conferir na VideoGamesPlus – loja no Canadá onde compro meus jogos desde 2004 – quanto sairia pra comprar o aparelho e enviá-lo para o Brasil. Serei bem pessimista e arredondarei valores redondos pra cima e o dólar a R$ 2. Com a conversão do dólar canadense, o console caiu para US$ 263… e a postagem fica em US$ 175, pois eles só mandam hardware pela DHL, chegando em 2-4 dias úteis. Estes dois valores ficam no seu cartão de crédito internacional; ao receber na sua casa, tem que pagar em reais os 60% de importação e o ICMS (não sei ao certo se é 17% ou 18%, chutemos no valor mais alto) sobre o valor do produto, a postagem fica fora deste cálculo. A importação sairia por R$ 315, e o ICMS por R$ 96.

Comprando nesta loja canadense que falei, com o console um pouco mais barato que nos EUA, tudo junto sai por R$ 1.287 (sendo que R$ 411 disto você paga na porta da sua casa, o resto vem no cartão). Se você não vai comprar na loja que falei e achar alguma nos EUA que envie pra cá, beleza: refazendo as contas para o valor americano de US$ 300 – e usando o mesmo valor e serviço de postagem, porque este eu não descobri com facilidade – este total muda para R$ 1.418, e embutido neste valor estão os R$ 468 você pagaria ao receber na sua casa, sem ter que buscar nada em lugar nenhum.

No fim das contas, depende do consumidor decidir se a diferença que flutua de 500 a 700 reais vale o esforço, considerando que a parada chega na sua casa em menos de uma semana útil. Enquanto aqui rola dividir no cartão a perder de vista (ma non troppo) e a garantia local caso quebre, a dor no bolso é bem mais sensível… é aquilo: quero um player de Blu-ray, quero alguns exclusivos do PS3 – como “Heavy Rain” – mas meu dinheiro não dá em árvore. E mesmo se desse…